Elaboração cientifica x mitologia cientifica
Todavia, devemos distinguir entre o momento da investigação cientifica propriamente dita e o da ideologização- mitologização de uma ciência. Um exemplo poderá auxiliar- nos a perceber essa diferença. Quando Darwin elabora a teoria biológica da evolução das espécies, o modelo de explicação usado por ele permitia lhe supor que o processo evolutivo ocorrida por seleção natural dos mais aptos á sobrevivência. Ora, na mesma época, a sociedade capitalista estava convencida de que o progresso social e histórico provinha da competição e da concorrência dos indivíduos, segundo a lei econômica da oferta e da procura. Um filosofo, Spencer, aplicou, então, a teoria darwiniana á sociedade: nesta, os mais “aptos”( isto significa os mais capazes de competir e concorrer) tornam- se naturalmente superiores aos outros vencendo- os em riqueza, privilégios e poder. Ao transpor a uma teoria biológica para uma explicação filosófica sobre a essência da sociedade, Spencer transformou a teoria científica da evolução em ideologia evolucionista. Por quê? Em primeiro lugar, porque generalizou para toda a realidade resultados obtido num campo particular de conhecimentos específicos Em segundo, por que tomou conceitos referentes a fatos naturais e os converteu em fatos sociais, como se não houvesse diferenças entre natureza e sociedade. Uma vez criada a ideologia evolucionista, o evolucionista tornou-se teoria da historia e, a seguir mitologia cientifica do progresso humano.
Os efeitos da razão instrumental
A noção de razão nos permite compreender:
*a transformação de uma ciência em ideologia e mito social isto é, em senso comum cientificista;
* que a ideologia da ciência não se reduz á transformação de uma teoria cientifica em ideologia, mas encontra se na própria ciência quando esta è concebida como instrumento de dominação, controle e poder sobre a natureza e a sociedade.
* que as idéias de progresso técnico e neutralidade