Egito
A civilização egípcia parece surgir inteiramente constituída, por volta de meados do quarto milênio a.C., para só desaparecer em fins do século IV d.C. Esses quase 40 séculos causam a impressão de uma estabilidade imutável aliada a uma instituição política que nada, nem mesmo as invasões, conseguem abalar.
O Egito é uma longa faixa de terras cultiváveis que se estende por mais de mil quilômetros entre 24 e 31 graus de latitude Norte, formando o curso inferior do Nilo, encaixado, de Assuã ao Mediterrâneo, entre o planalto da Líbia e a cadeia de montes do deserto Arábico (prolongamento, aliás, do escudo do deserto Núbio). É uma das áreas menos impróprias a vida Oriental, enquanto Sahel passou por alternâncias climáticas radicais reduzindo-o progressivamente à zona árida atual.
A documentação sugere atribuir o início da pré-história egípcia ao fim do Pluvial Abassiano, no Paleolítico Médio, cerca de 120.000-90.000 anos a.C. Consideramos hoje que a povoação do deserto ocorreu em seguida a esse longo período. Desde o Olduvaiense, a presença humana no Egito é, pois, contínua no Vale, pelo menos entre o Cairo e Tebas ou Adaima, e, na Núbia, durante todo o Acheulense.
É realmente tentador ver nessas civilizações as vertentes opostas de uma mesma cultura que teria avançado pelas vias de penetração naturais da futura zona saariana. A difusão das línguas Nilo-saarianas do alto Nilo para o Saara oriental ou para áreas geograficamente mais próximas do Egito e análises palinológicas recentes realizadas nos oásis do deserto líbio fornecem importante dado para avaliação: uma flora que poderia corresponder a um desenvolvimento comum.
A probabilidade dessa articulação é ainda maior pelo fato de corresponder ao fim da passagem do homo erectus ao homo sapiens, na virada do centésimo milênio a.C. ou seja, o estabelecimento de uma cultura comum representada por um tipo humano dolicocéfalo cuja evolução pode ser comparada à dos seus