Edução infantil
A história da Loucura é a história de uma prática e de um saber concebidos e arquitetados coletivamente, em conexão com os tempos, as culturas e as sociedades dos homens e do cotidiano minúsculo de suas relações e representações significantes. Não há sobre ela, à luz de uma arqueologia do saber, a verdade, mas uma sucessão de discursos complementares e contraditórios, que rompem e reconstroem a cada momento do tempo um olhar diferente sobre a loucura (MIRANDA, 1994, p.50).
A Loucura não foi pensada de maneira uniforme na história, e a forma em que ela vai sendo conceituada acaba por influenciar os espaços e as práticas destinadas a ela. Sempre existiu na sociedade o lugar da exclusão, mas nem sempre esse lugar foi ocupado pelo louco. Na antiguidade, a loucura fazia parte do cenário comum, não tinha significado médico ou especificamente psicológico, era considerada obra dos deuses, que interferiam sobre o pensamento e ação dos homens, levando-os a se comportar de maneira bizarra (SANTOS; MOTTA, 2006). Já na idade média, a loucura era considerada possessão diabólica. Nessas épocas, o louco gozava de certa liberdade, e a incapacidade para o trabalho não era ainda motivo de exclusão (SILVEIRA; BRAGA, 2005). É no século XVIII com o advento do iluminismo, que se instaura o primado da razão, que o louco começa a perder sua liberdade e seus direitos de cidadania. Uma vez que a razão se torna o bem supremo dos homens, o louco passa a ser visto como desprovido de razão, animal descontrolado, primitivo, e por tal deve ser enjaulado. (WEBER, 1982 apud AMARANTE, 1995). Dentro do modelo capitalista o louco representa uma ameaça, já que o padrão ideal é definido por força de produção. Sua ociosidade e sua incapacidade de produzir tornam-se incompatíveis