Educação no Canteiro de Obra
UM APELO A VIDA
Com o andamento das obras do PAC e a preparação de Cuiabá para a Copa de 2014, capacitar e conscientizar os trabalhadores da construção civil será imprescindível não só para melhorar a qualidade da mão-de-obra. A ação também salvará muitas vidas O educador Paulo Freire já dizia que a educação sozinha não transforma a sociedade, mas sem ela tampouco a sociedade muda. Quem observa a prática do mercado consegue enxergar o processo de educação formal e profissionalizante como ferramenta importante na prevenção aos acidentes de trabalho. Na iminência de se tornar um grande canteiro de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da preparação para a Copa de 2014, Cuiabá poderá viver os seus melhores ou piores momentos. Se não houver preocupação do poder público e da iniciativa, a torcida verde-amarela talvez não perceba, mas muitos trabalhadores terão morrido em nome do desenvolvimento.
“Foi Deus que quis”. O tom de fatalismo permeia as palavras do pedreiro José Paulino Gusmão, de 48 anos, morador do bairro Serra Dourada, periferia da capital. Começou a trabalhar nessa área ainda criança, com o pai. Nunca soube o que é um equipamento de proteção individual (EPI). A falta de qualificação e consciência foi determinante para um acidente que já lhe custou 10 meses de muito sofrimento. Foram três meses e oito dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de sete de fisioterapia. Ele caiu de uma altura de quase 2 metros no dia 3 janeiro, quando tentava pegar uma régua fora do seu alcance sobre o andaime. Bateu a cabeça no chão e fraturou a coluna. Contrariando expectativas,há um mês conseguiu se levantar de uma cadeira de rodas.
A fisioterapeuta do Centro de Reabilitação Dom Aquino Corrêa, Ana Caroline Fontes, explica que o perfil das vítimas é parecido, mais de 90% são homens com idades entre 18 e 45 anos. No setor da construção, são principalmente pessoas que vivem de “bicos” (sem