Economia
Um Esboço da Teoria Keynesiana1
Para Keynes,
“... a evidência prova que o pleno emprego, ou mesmo o aproximadamente pleno, é uma situação tão rara quanto efêmera” (Keynes, 1936, p. 173). Esta afirmação demonstra a diferença, em relação aos autores neoclássicos, da percepção de Keynes sobre a realidade, sendo a base da discordância teórica entre suas visões. Na Teoria Geral de Keynes, uma das formas de entender o termo “geral”, do título, é de que com esta teoria se conseguiria explicar tanto o pleno emprego quanto o desemprego (involuntário), enquanto a teoria neoclássica conseguiria, em seu núcleo teórico básico, explicar somente a situação de pleno emprego, sendo, portanto, parcial (Chick, 1989, p. 35-6).
A teoria keynesiana entende, em contraposição à visão neoclássica, que para se explicar o desemprego não se deve começar a análise pelo estudo do mercado de trabalho, ou tentar encontrar todas as respostas neste mercado, de forma a praticamente resumir a discussão a questões microeconômicas. Ao contrário, a determinação teórica vem do estudo sobre a dinâmica econômica mais geral e seus impactos sobre o emprego, especificamente. A ordem causal é tomada inversamente, aparecendo o “mercado de trabalho” no final da corrente. Na realidade, nem sequer existiria um mercado de trabalho, pois não há uma função de oferta de mão-de-obra que permita encontrar-se um equilíbrio de salários reais e de emprego na interação com a função de demanda por mão-de-obra. Desta forma, pode-se explicar o relativamente pequeno estudo sobre o mercado de trabalho, em si, pelos autores keynesianos. De maneira oposta, os autores neoclássicos, para os quais, em princípio, não existe desemprego involuntário por causas endógenas, criam muitas teorias para explicar o desemprego existente no mundo real, quase sempre circunscrevendo a análise ao mercado de trabalho, de forma a preservar o seu núcleo teórico básico.
1 Este texto tem como base parte do