Economia
Eficácia organizacional por Arménio Rego
Professor da Universidade de Aveiro25 Agosto 2006[pic]
A eficácia de uma organização costuma ser tomada como o grau em que ela realiza os seus objectivos. A organização eficaz é a que faz as coisas certas (doing the right things). O conceito distingue-se da eficiência. A organização eficiente é a que realiza os objectivos com a menor quantidade de recursos (doing things right). Esta lógica facilita a mensurabilidade - definidos os objectivos, é possível medir se a organização foi ou não eficaz. Mas esta simplicidade é ilusória, pois pode haver "muitas (in)eficácias". Eis nove pistas de reflexão para compreender porquê:
1. Os objectivos declarados e os realmente prosseguidos nem sempre coincidem. Por exemplo, os objectivos declarados de uma escola podem ser "subvertidos" por interesses particulares de alguns membros ou de um financiador de que a instituição depende.
2. Os objectivos "oficiais" são modificados pelos actores organizacionais. Por exemplo, um novo reitor pode desviar os esforços de objectivos pedagógicos para metas científicas. A mudança pode ocorrer mesmo que os objectivos declarados da universidade se mantenham. Algo similar ocorre(u) com países que optaram pelo sistema capitalista mantendo a retórica dos objectivos socialistas. Outro exemplo paradigmático detecta-se na "dança" dos objectivos de eficácia que frequentemente acompanha a entrada de novos líderes em grandes empresas portuguesas.
3. Os objectivos reais mudam consoante o xadrez de poder. Por exemplo, quando a organização depende fortemente dos financeiros, é possível que os objectivos da organização reflictam orientações do departamento financeiro. Uma mudança pode entretanto ocorrer se o marketing assumir preponderância. É por essa razão que, por vezes, os objectivos declarados são uma "fachada" que visa legitimar os objectivos da coligação poderosa. E, não raramente, diferentes níveis hierárquicos ou áreas funcionais prosseguem,