Economia política da indústria automobilística no brasil
Nesta discussão, chama atenção o fato de que o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirma, na mesma notícia indicada acima, que a indústria de veículos está com “elevados estoques”. Ora, todas as indústrias potencialmente sofrem com retrocessos de demanda e isto se reflete no acúmulo de estoques, o que influenciará o nível de investimento do setor para o próximo período, como os modelos econômicos bem retratam. Faz parte da dinâmica de mercado e deveria ser encarado como um sinal de alerta ao setor em suas decisões para os próximos anos. Entretanto, aparentemente, este não é o jogo que está sendo jogado e surgem várias questões decorrentes desta escolha do governo federal. Uma das principais é: o governo ao reduzir o IPI para a compra de automóveis está somente beneficiando um setor politicamente importante da economia brasileira que atravessa um momento de dificuldade ou há razões econômicas para que este setor seja o escolhido para ser estimulado?
Como uma resposta a essa pergunta é algo que está para além de um texto em um blog, pode-se aqui trazer indícios sobre o que de fato acontece. Para isto, lança-se mão de uma análise bastante difundida na Economia Regional, com origem no Sistema de Contas Nacional, chamada Análise via Matriz Insumo-Produto (M I-P), desenvolvida originalmente por Wassily Leontief. Simplificadamente, esta matriz organiza a economia em diferentes setores de atividade e apresenta a origem dos insumos utilizados