Economia neoclássica
(instabilidade) estrutural
A (não) incorporação da história será o nosso critério de distinção entre as abordagens da economia heterodoxa e da neoclássica. Para Herscovici (2004, p. 278), a natureza dos sistemas econômicos – complexos e não complexos – permite definir dois tipos de eixos distintos, a saber: i) a heterodoxia, que “se relaciona com abordagens intrinsecamente históricas: essas análises ressaltam a possibilidade de produção endógena de flutuações e suas questões são ligadas ao conceito de regulação/reprodução do sistema, o que é totalmente incompatível com o conceito de equilíbrio estável e convergente”; e ii) a ortodoxia (neoclássica), que se relaciona com as análises de equilíbrio geral – tanto em suas versões tradicionais como as mais recentes (adoção de expectativas racionais), que “é intrinsecamente ligada à existência da unicidade do equilíbrio, este sendo estável e convergente. As flutuações só podem ser explicadas a partir de um choque, por natureza, exógeno”. Ao adotarmos esse caminho, surge uma questão: qual é o critério para verificarmos se os modelos econômicos incorporam a história? A resposta: a presença de estabilidade (instabilidade) estrutural nos modelos. Os modelos dotados de instabilidade estrutural (modelo complexos ou caóticos) são os únicos que “permite[m] considerar a história de um ponto de vista essencial ao funcionamento dos sistemas econômicos, isto é, como um processo capaz de afetar o comportamento dinâmico desses sistemas produzindo mudança estrutural” (BUENO, 1997, p. 128).
A despeito do desenvolvimento apenas recente da teoria e modelagem dos sistemas caóticos ou complexos – final dos anos 1960 – no âmbito das ciências “duras” (exatas), buscar-se-á mostrar que o campo da economia heterodoxa – ao adotar a idéia de que o comportamento humano é regido por um sistema complexo, passível de