Economia internacional - china e africa
Uma breve retomada histórica
O fim tardio do colonialismo português dominou o noticiário afri- cano no princípio dos anos 70. A Revolução dos Cravos, desencadeada em Portugal em abril de 1974, abriu as portas para uma descolonização que muitos consideraram desorganizada e provocou surtos de violência e instabilidade importantes não só em Angola e Moçambique, como tam- bém em países vizinhos. No entanto, sem esse tremor de terra político, seria difícil imaginar o fim do regime de apartheid, tanto na Namíbia, como, em especial, na África do Sul. Foi, assim, possível chegar, em me- nos de duas décadas, à ambição de uma África Austral livre, mudando significativamente o horizonte do continente.
Estes desenvolvimentos tiveram repercussões no mundo inteiro. O clima da Guerra Fria favorecia interpretações geo-estratégicas, muito para além do verdadeiro interesse econômico dos países. Os protago- nistas africanos convenceram-se de que eram uma peça fundamental do xadrez político internacional. Os jogos de influência eram tão noti- ciados que o valor intrínseco da independência era julgado menos em termos de potencialidades de desenvolvimento do que em escolhas e alinhamento internacional. As expectativas estavam ao rubro. O lema da reconstrução nacional, simplificação simbólica da ideologia das independências, era a base para a definição de parcerias entre países amigos e todos os demais, que não cabiam nessa generosa condição.
Os regimes africanos tinham opções e podiam dar-se ao luxo de jogar, até um certo ponto, uns contra outros.
É neste contexto que o Brasil de então se apressou a demonstrar um interesse especial pela África. Foram os jovens países de língua portuguesa os escolhidos para explorar o potencial desse novo