Economia, entrevista.
Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/forum/gerenciamento-forum/primeira-entrevista-fernando-c-peres/
FALTA CAPITAL SOCIAL NOS ESTOQUES NACIONAIS
Qual significado tem para o agricultor o fato de estar trabalhando em um mercado de concorrência perfeita?
De fato, isso é uma fatalidade. Se você procurar entre as grandes empresas mundiais, vai ver que nenhuma delas, mesmo em sua busca da diversificação, quer produzir produtos agrícolas. A razão é muito simples. É que a lucratividade do produto agrícola, pelo fato de trabalhar em condições de mercado próximas à concorrência perfeita, tende a zero. O que significa isso? Um mercado de concorrência perfeita significa grande número de produtores, nenhum dos quais têm condição de determinar preço. O maior produtor do mundo de boi, soja, não consegue afetar nem um centavo do preço, seja segurando o produto ou aumentando sua oferta do seu produto. Esta grande pulverização da produção em milhões de produtores faz com que a rentabilidade tenda a zero.
Estudantes de administração estudam durante quatro anos aprendendo a tentar escapar da condição de competição perfeita. De um modo meio fajuto porque eles nunca endereçam realmente seus objetivos efetivos. Mas é isto o que toda empresa tende a fazer. Os agricultores intuitivamente sabem disso. Todo agricultor gostaria de ter um rebanho diferenciado, uma marca. A diferenciação do seu produto é uma das possibilidades de você fugir dessa condição de competição, de lucro baixo. Só que isso é muito difícil de conseguir. Não é a toa que o grosso da agricultura trabalha com commodities. Commodity, por definição, é um produto padronizado, não diferenciado. Quer dizer, se você produz milho, teu milho é de um tipo tal e acabou. Você pode jurar que ele é mais gostoso, ou que ele tem a qualidade que for, que não faz diferença nenhuma para o mercado. O preço é o mesmo de todo mundo. O que o agricultor pode fazer aí é