ecologia
Por Ana Pismel
O que precede os temas tratados no livro IX é a exposição das formas de governo e dos homens tais quais elas se apresentam, feita numa trajetória de pensamento na qual caminhavam sempre a natureza de cada tipo de governo ao lago do homem portador de uma natureza confirma a ela. São avaliados os tipos de governo encontrados nas cidades já existentes, a saber: timarquia, democracia, oligarquia e tirania, sendo que as outras constituições estariam entre as mencionadas. Todas são examinadas quanto à sua presença em nível de publico e individual, ainda na intenção de comparar dentro delas o homem mais justo ao mais injusto, levando ao cabo a pesquisa acerca da natureza e benefício da justiça. Tendo tratado de todas as formas de governo enumeradas por Sócrates, a ordem da obra deixa para o Livro IX o exame do homem par da tirania, que foi, no livro anterior, a ultima forma de governo explorada nos diálogos.
Entrando no livro IX, antes do exame do homem tirânico, Sócrates lembra-se da falta de uma pesquisa sobre os desejos. Com efeito, é importante observar inicialmente que desejos assim estão presentes em todos os homens, sendo que a diferença se faz pela moderação – natural ou habitual – que cada homem é capaz de impor a eles. É nesse aspecto que Sócrates e seus interlocutores retornam à natureza do homem democrático a partir do oligarca, para então desembocar no homem tirânico. Tal homem, conforme Sócrates, “se torna tirano no sentido estrito quando, por natureza e por hábito, ou por ambos os motivos, torna-se um bêbado, um enamorado, um rancoroso” (573 c d). Em outras palavras, o homem tirânico se deixa levar por todos os desejos que nele habitam, fazendo de tudo para satisfazê-los, colocando-os acima de todo o resto. Desse prisma, pode-se afirmar que, segundo o que ficou acordado sobre o que é a justiça, ele pode ser considerado injusto e desleal (576 a).
Questionando seguidamente a felicidade de tal homem, Sócrates