eclesiologia

I - Morte
1. Situação da morte no mundo moderno
Como é vista hoje a morte? Como em todas as sociedades, a morte é um mistério. O que acontece na hora da morte? E o que vem depois dela? A morte sempre suscitou temor. É uma experiência absolutamente solitária, incompartilhavel: cada um morre sua própria morte. Embora rodeado de pessoas queridas, todo ser humano parte deste mundo absolutamente só.
Mas, na moderna cultura secularizada, esse mistério se torna ainda mais opaco. Daí fugiu-se dela. O filósofo Sciacca fala da “leviandade empírica e superficialidade metafísica do homem moderno” em relação à morte. Como aparece a morte hoje? Como morte-tabu e como morte-soft. De fato:
A morte, como assunto, é um tabu. Ela é hoje recalcada, removida através de meras alusões ou mesmo ao anódino, como simples resultado de guerras, de calamidades e de outros acidentes, como faz a mídia em geral;
A morte, como realidade, tornou-se morte soft. Ela é afastada do quotidiano e entregue a instituições especializadas: hospital, funerária e religião. Essas agencias reduzem a morte as formalidades de um ritual. Aí a morte é maquilada e destituída de toda gravidade, como no caso da “morte dita americana” ou simplesmente no caso das modernas propostas de eutnasia, feitas sob a inovação da “morte digna”.
Por que tal visão da morte? Por causa do secularismo da cultura atual – um secularismo que se desdobra em racionalismo, materialismo, individualismo e hedonismo. Pensa-se: com a morte, a longevidade. A morte aparece como a grande inimiga, a “indesejada”. Para o individualismo moderno, a morte é mais dolorosa ainda, porque representa precisamente a derrota do indivíduo.
Vimos, contudo, que essa cultura está em declínio, embora ainda predomine a cultura acadêmica convencional. Já aparecem sinais claros e consistentes de preocupação pela espiritualidade e pelas realidades além-morte.
2. A morte e seus desdobramentos
No entendimento geral, a morte é simplesmente o fim ou cessação da