Durkheim
Segundo Durkheim, "para que exista o fato social é preciso que pelos menos vários indivíduos tenham misturado suas ações, e que dessa combinação tenha surgido um produto novo". Esse produto novo, constituído por formas coletivas de agir e pensar, se manifesta como uma realidade externa às pessoas. Ele é dotado de vida própria, não depende de um indivíduo ou outro. No texto a seguir, Durkheim aborda uma das expressões dessa realidade externa: a "consciência coletiva".
O conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mes ma sociedade forma um sistema determinado que tem sua vida própria; pode-se chamá-lo de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por base um único órgão; ela é, por definição, difusa em toda a extensão da sociedade; mas não tem menos caracteres específicos que a tornem uma realidade distinta.
Com efeito, ela não depende das condições particulares em que se encontram os indivíduos; estes passam [ou seja, nascem, vivem e morrem); ela permanece. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas mais diferentes profissões. Da mesma forma, não muda a cada geração mas, ao contrário, enlaça umas às outras as gerações sucessivas.
Ela é portanto uma coisa inteiramente diferente das consciências particulares, ainda que não se realize senão nos indivíduos. Ela forma o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de desenvolvimento, tal como os tipos individuais, ainda que de uma outra maneira. Assim sendo, tem o direito de ser designada por um termo especial. Aquele que empregamos acima não está isento por certo de ambigüidades.
Como os termos coletivo e social são mui tas vezes confundidos um com o outro, somos levados a crer que a consciência coletiva é toda a consciência social, ou seja, estende-se tanto quanto a vida psíquica da sociedade. Entretanto, sobretudo nas sociedades superiores, só