DROGADIÇÃO Enquanto que o uso de ‘drogas’ remonta à Antiguidade, é apenas por volta do final do século XIX que aparece a noção de ‘toxicomania’, tal como ela é concebida atualmente como associada à imagem de um flagelo social, à idéia de doença e ao domínio médico. Mais exatamente, esta noção de toxicomania como flagelo social e doença produzida por dependência e por abuso de droga aparece pela primeira vez em 1875 com o alemão Édouard Levinstein, sob o nome de morfiomania. ... Precisamente, uma certa psicanálise pode validar esta dupla empreitada de medicalização e psicologização das toxicomanias. A figura plural da ‘paixão’, que dominava no século XIX para dar conta das toxicomanias e que não separava o corpo da ‘alma’, teria constituído uma base mais propícia à reflexão psicanalítica, conservando a dimensão subjetiva e enigmática da experiência. (p. 13). Kalina (1999) e Sanchez (1982) apontam que tanto a Drogadição quanto o seu tratamento são fenômenos socialmente construídos; Freud (1974) sinaliza que a sociedade influencia fortemente o comportamento do sujeito que busca as substâncias tóxicas para obtenção de prazer; Bucher (1992) retoma a história do uso e abuso das drogas e aponta que as diversas formas com que este fenômeno é tratado depende do contexto histórico e cultural em que está inserido; Berger & Luckmann (1985) defendem que toda realidade é construída socialmente, através das interações sociais e da linguagem. O sujeito interage com o meio social que influencia seu comportamento, porém cada sujeito atribui um significado diferente à realidade social na qual está inserido. Desta forma há uma multiplicidade de significados atribuídos a uma mesma realidade objetiva, ou seja, há uma construção da subjetividade a partir da interação social. Bucher (1992) afirma que o toxicômano tem ficado entre o manicômio e o presídio, ocupando o lugar do louco e do transgressor da lei, ambos excluídos pela sociedade e rotulados ora como