dos minerais
Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Este poema foi escrito por Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro, considerado por muitos o poeta brasileiro mais influente do século XX. As obras deste poeta pertenciam ao movimento do modernismo.
Sobre o poema:
É um poema apenas com uma estrofe de 11 versos.
O poema frequentemente invoca 3 sentimentos, o amor, o ódio e o medo (palavras a negrito), no entanto, o sentimento referente ao medo é o único que prevalece até ao final do poema.
O poema, refere o medo de várias acções (itálico). Dos 3 sentimentos enunciados, o medo é o único que prevalece. Para justificar, a continuidade desse sentimento, para além do título, é necessário também referir que o poema foi escrito em tempo de 2ª Guerra Mundial daí a referência ao medo, morte, soldados, mães, ect…
O medo é tão grande, que a partir do título, podemos ver que o autor quer realizar uma congresso internacional do medo, uma vez que o poema tem como objecto de estudo um tema universal (2ª Guerra Mundial), ou seja o medo encontra-se em toda a sociedade.
Tal congresso, tem como objectivo expor os medos da sociedade e tentar encontrar soluções que visam pôr um fim ao desastre universal pelo qual o mundo está a passar.
O poema, está cheio de repetições do termo medo.