Donatello

Donatello. Profeta (Zuccone). Campanário da Catedral de Florença. 1423-25. Mármore, altura: 1,95m (originalmente está atualmente no Museu da Catedral, em Florença).

O profeta não identificado, apelidado de Zuccone (“cabeça de abóbora”) por motivos óbvios, foi esculpido cerca de oito anos mais tarde, para o Campanário da Catedral. Essa estátua já tem, há muito tempo, a fama de ser um exemplo admirável do realismo de Donatello. É mais provável que ele tenha imaginado a personalidade dos profetas a partir dos relatos bíblicos. Através destes últimos, foi-lhe transmitida a impressão de oradores divinamente inspirados que pregavam as multidões, o que, por sua vez, o fez lembrar dos oradores romanos que vira na escultura antigas. Daí decorrem os trajes clássicos do Zuconne, cujo manto cai de seus ombros como uma Tonga, e a fascinante cabeça, feia, porém nobre, lembrando as retratos da fase final da arte romana. Os próprios florentinos logo se esqueceram de que o Zuccone representava originalmente um profeta, e passaram a vê-lo como o retrato de um de seus estadistas.

Donatello. David. 1430-32. Bronze, altura: 1,58m. Museu Nacional, Florença.

David a primeira estátua independente a retratar um nu em tamanho natural desde a Antiguidade. A estátua deve ser entendida como um monumento público cívico-patriótico que identifica David com Florença, e Golias com Milão, que por volta de 1400 ameaçava Florença. A nudez de David explica-se facilmente como uma referência à origem clássica de Florença, e seu chapéu enfeitado é o oposto do capacete de Golias. Donatello tomou por modelo um adolescente, e não um jovem plenamente desenvolvido como os atletas gregos, de modo que a estrutura corporal, não se achava envolvido por uma profusão de músculos salientes. A razão encontra-se além de sua perfeição anatômica.