dominação britânica

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[...] O Indostão é uma Itália de dimensões asiáticas, com o Himalaia no lugar dos Alpes, as planícies de Bengala no lugar das planícies da Lombardia, o Decão no lugar dos Apeninos e a ilha de Ceilão no lugar da Sicília. A mesma rica diversidade nos produtos da terra e o mesmo desmembramento na configuração política. Assim como a Itália, de tempos a tempos, tem sido comprimida pelo gládio do conquistador em diferentes massas nacionais, encontramos também o Indostão, quando não submetido à pressão do Maometano, do Mongol[N257] ou do Britânico, dissolvido em tantos Estados independentes e em conflito quantas as cidades, ou mesmo as aldeias, que conta. De um ponto de vista social, contudo, o Indostão não é a Itália, mas a Irlanda do Oriente. E esta estranha combinação de Itália e de Irlanda, de um mundo de voluptuosidade e de um mundo de dor, encontra--se antecipada nas antigas tradições da religião do Indostão. Esta religião é, ao mesmo tempo, uma religião de exuberância sensual e uma religião de ascese que se atormenta a si própria, uma religião do Linga[N258] e do Jaganata[N259]; a religião do monge e da bailarina.

Não partilho a concepção daqueles que acreditam numa idade de ouro do Indostão, sem, contudo, recorrer, como Sir Charles Wood, para a confirmação da minha perspectiva, à autoridade de Kuhli-Kahn. Se se tomarem, por exemplo, os tempos de Aurung Zeb ou a época em que os Mongóis apareceram no Norte e os Portugueses no Sul, ou a era da invasão maometana e da heptarquia[N260] na Índia do Sul, ou se se quiser recuar ainda mais até à antiguidade, atente-se na cronologia mitológica dos próprios brâmanes[N261], que situa o começo da miséria da Índia numa época ainda mais remota do que a criação cristã do mundo.

Não pode, contudo, restar qualquer dúvida de que a miséria infligida pelos Britânicos ao Indostão é de uma espécie essencialmente diferente e infinitamente mais intensiva do que a que todo o Indostão teve de sofrer anteriormente. Não aludo ao

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