Dom casmurro
O início da narrativa de Dom Casmurro ocorre no auge do Império brasileiro (por volta de 1950), onde os senhores de escravos possuíam grandes lotes dos mesmos e totais poderes sobre seus subjugados. As relações Paternalistas baseavam-se na “lógica do favor”, ou lealdade absoluta, relações estas que propriamente dito obrigavam o escravo ou, melhor dizendo no caso de Dom Casmurro, a parentela mais pobre ou os dependentes prestarem favor, ou estar à total disposição de seu senhor (onde o senhor é o centro numa hierarquia de dependência), em troca de proteção, abrigo. Segundo Schwars, “[...] a população de Dom Casmurro compõem uma parentela, [...]”, sendo D. Glória o centro do poder, cercada por pessoas de nível inferior ao dela, que de alguma maneira procuram agrada- lá ou prestar-lhe favor para ter sua proteção. Logo no início deste romance vemos o interesse de José Dias, o agregado da família Santiago, em mostrar sua lealdade à D. Glória, alertando-a sobre possível namoro de Bentinho com Capitu (uma vizinha pobre), que poderia vir atrapalhar a ida de Bento Santiago ao seminário. “[...]Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.” (Dom Casmurro, cap. III, pág. 3). Neste trecho de Hellen Caldwell: “José Dias: ele é esperto e persuasivo, simpático a Bentinho e inclinado a trabalhar para ele, tendo-o como seu futuro senhor.”, vemos que, mesmo ele tendo uma simpatia a Bentinho, José Dias conseguiu buscar uma forma de se sair bem, pois contando a D. Glória sobre o romance do filho, ele estaria ajudando sua senhora (sem trair Bentinho) e livrando o moço da tal menina pobre: Capitu. Dom Casmurro, como narrador, não nos mostra ser confiável, enquanto ele tenta narrar os fatos de acordo com o ocorrido, ao mesmo tempo ele diz não ser necessário o relato de