Doen A Inflamat Ria P Lvica 2
Doença inflamatória pélvica
Hans Wolfgang HalbeI
Donaldo Cerci da CunhaII
Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Marília, São Paulo
A doença inflamatória pélvica (DIP) é causada pela infecção polimicrobiana do trato genital superior, originária de foco uretral, vaginal ou cervical.1 A virulência dos germes e a resposta imune definem a progressão: endometrite, salpingite, pelviperitonite, ooforite, peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas.1 Os patógenos são sexualmente transmissíveis (clamídia, gonococo, micoplasmas, casualmente tricomonas e vírus) ou endógenos
(Tabela 1).1-5
A natureza dos germes causais preceitua o rastreamento das demais doenças sexualmente transmissíveis. A prevalência de forma subclínica, oligossintomática, aumenta o risco de falta de diagnóstico e subestimação da DIP.1,6
ETIOPATOGENIA
A microbiota normal da vagina é dominada pelos lactobacilos comensais, anaeróbios facultativos, por exemplo, Lactobacillus crispatus, L. jensenni, L. iners, que, associados a polissacarídeos locais, formam biofilme aderente à mucosa. O biofilme protege os lactobacilos das mudanças provocadas pelas flutuações hormonais, relações sexuais e práticas higiênicas. A
Tabela 1. Exemplos de patógenos endógenos e sexualmente transmissíveis encontrados na doença inflamatória pélvica1-5
Aeróbios
Anaeróbios facultativos Anaeróbios
Germes sexualmente transmissíveis
I
II
Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa. Corynebacterium spp, Enterococcus faecalis,
Escherichia coli, Gardnerella vaginalis, Klebsiella spp, Peptostreptococcus, Staphylococcus spp,
Staphylococcus aureus, Streptococcus spp, S. agalactiae (beta-hemolítico).
Atopobium vaginae, bacilos associados à vaginose bacteriana (BVAB1-2-3), Bacteroides spp,
Bacteroides fragilis, Clostridium spp, Eggerthella spp, Leptotrichia amnionii, Megasphaera spp,
Mobiluncus mulieris, Prevotella spp.