Doce Lembrança
Numa ensolarada tarde de domingo, fui até o quarto pegar alguns papéis, abri o guarda-roupa, esbarrei em uma pequena caixa que caiu no chão e acabou se abrindo, como não me lembrava do que se tratava, recolhi tudo e dei uma olhada. Eram fotos de minha juventude, ali sentado na cama, me veio a mente várias recordações das quais tenho saudade.
Recordei-me dos meus dezessete anos, quando conheci Laura, uma linda jovem. Seu riso era solto e, quando ela sorria tudo parecia perfeito. Seu cabelo era louro, e seus olhos, azuis como o céu. Eu já a observava, consegui me aproximar quando fizemos dupla de Laboratório nas aulas de química. Demorou bastante tempo para criar coragem e convidá-la para tomar um sorvete e, no final do ano letivo já estávamos passando cada vez mais tempo juntos. Já sabia que estava apaixonado e não tinha dúvidas de que queria passar o resto da vida com Laura, por mais louco que isso parecesse.
As pessoas não entendiam o que ela havia visto em mim, um rapaz pobre que morava nos fundos de uma oficina de um amigo, mas como morávamos numa cidade pequena, inevitavelmente surgiram comentários e fofocas. As amigas de Laura foram se afastando uma a uma e foi apenas questão de tempo até que os pais dela descobrissem o motivo. Ela era de uma família nobre e eu não tinha nada, o que era mais que suficiente para causar espanto.
No começo os pais dela estavam esperançosos de que sua filha só estivesse passando por uma fase rebelde e ignoraram o assunto. Isso não deu certo, então colocaram Laura de castigo por semanas, proibindo-a de sair. Nunca tive permissão de entrar na casa da família, e o pai dela só me dirigiu a palavra uma única vez, chamando-me de “vagabundo imprestável”. A mãe implorava para que Laura terminasse o namoro e, por não obedecer às ordens, pouco tempo depois o pai parou de falar com a filha.
Depois de alguns meses, Laura foi aceita na universidade que era seu sonho de infância, mas seus pais não iriam pagar se ela