Do meio natural ao meio técnico
(Do Livro “A Natureza do Espaço: técnica e tempo / razão e emoção”, de Milton Santos, 2ª Edição, Editora Hucitec, São Paulo, 1996, pág. 186-207)
Podemos admitir que a história do meio geográfico pode ser grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional. Agora talvez uma quarta revolução, ligada à informática.
Meio natural
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo.
Simbiose dos sistemas técnicos com o meio natural.
Meio técnico
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo enfrentar a Natureza, natural ou já socializada, vinda do período anterior, com instrumentos que já não são prolongamento do seu corpo, mas que representam prolongamentos do território, verdadeiras próteses. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais. Eram poucos os países e regiões em que o progresso técnico podia instalar-se.
O meio técnico-científico-informacional profunda interação da ciência e da técnica sob a égide do mercado objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais modificação da zona rural cientificização e de uma tecnicização da paisagem aumenta a importância dos capitais fixos (estradas, pontes, silos, terra arada, etc.) e dos capitais constantes (maquinário, veículos, sementes especializadas, fertilizantes, pesticidas, etc.) aumenta também a necessidade de movimento, crescendo o número e a