Diversos
A tese central de De Masi (2000, p. 16) é a de que "estamos caminhando em direção à uma sociedade fundada não mais no trabalho, mas no tempo vago". Uma sociedade onde as pessoas trabalharão cada vez menos e, em trabalhando, farão cada vez mais atividades intelectuais e criativas e menos atividades manuais e repetitivas.
A principal característica da atividade criativa é a que ela praticamente não se distingue do jogo e do aprendizado, ficando cada vez mais difícil separar estas três dimensões que antes, em nossa vida, tinham sido separadas de uma maneira clara e artificial. Quando trabalho, estudo e jogo coincidem, estamos diante daquela síntese exaltante que eu chamo de "ócio criativo". (De Masi, 2000, p. 16)
De Masi (2000) relaciona esta nova configuração das atividades humanas com a passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade pós-industrial. Estabelece, também, uma comparação com a antiguidade grega, onde os homens livres exerciam atividades 'ociosas', ou seja, dedicavam-se à política, à filosofia, ao estudo e aos esportes. O trabalho ficava por conta dos escravos. Hoje não temos mais escravos, mas temos as máquinas e o seu potencial de possibilitar a homens e mulheres exercer o ócio criativo. No meu entender, não fica claro ao longo do livro como isso pode ser concretizado numa sociedade onde as máquinas são propriedade de uns e usadas para substituir o trabalho humano, deixando cada vez mais pessoas com a impossibilidade de prover sua subsistência.
Em várias passagens, De Masi (2000) associa o trabalho à necessidade e à atividades tediosas e cansativas. Trabalho é sinônimo de suor, de trabalho manual e repetitivo, onde o trabalhador 'tradicional' é o operário. Um trabalho onde o indivíduo não cria e recria o mundo e a sociedade e, portanto, um trabalho que destitui a ação humana sobre a realidade objetiva e, assim, desumaniza, pois:
É precisamente na ação sobre o mundo objetivo que o homem se manifesta como verdadeiro