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O ‘bi’ em bilingüismo na educação de surdos
Ronice Muller de Quadros – UFSC
A proposta deste capítulo será definir bilingüismo em contextos educacionais, mais especificamente, no contexto da educação de surdos no Brasil. Há várias discussões sobre bilingüismo sabidamente muito conflitantes. A questão norteadora do texto será a seguinte: O que é o ‘bi’ em bilingüismo na educação de surdos brasileiros? Na tentativa de responder a esta questão, percebe-se que os aspectos relacionados às propostas bilíngües, em geral, extrapolam as questões lingüísticas, sendo determinadas por questões políticas.
Nesse sentido, apresentar-se-á uma reflexão sobre o caso específico das políticas públicas de educação de surdos que acabam interferindo nas formas que o ‘bi’ do bilingüismo passa a tomar nas experiências brasileiras.
Bi(multi)lingüismo em meio a tantos desencontros
O Brasil, assim como vários outros países do Continente Americano, é identificado como país monolíngüe. No entanto, também é sabido que tais países, a exemplo do próprio Brasil, apresentam vários grupos falantes de outras línguas caracterizando o status bilíngüe desses países, embora não reconhecidos como tais.
Interessantemente que na história dos países europeus também as políticas lingüísticas sempre favoreçam alguma língua em detrimento de outras (Grosjean, 1982). Assim, percebe-se um movimento político que obscurece a realidade lingüística de vários países, dentre eles a do Brasil.
Pensa-se que no Brasil todo falante adquire a Língua Portuguesa como primeira língua (L1). Ignora-se, portanto, que temos falantes de famílias imigrantes (japoneses, alemães, italianos, espanhóis, etc.), que temos as várias comunidades indígenas que falam várias línguas nativas (mais de 170 línguas indígenas de famílias totalmente diferentes) e que temos, também,