Diversos
A vida não dorme em serviço. Todos os dias, sem falta, sem falha, ganhamos uma nova chance de mudar completamente o nosso futuro. O ponto da virada, a chave pra transformação de tudo o que você conhece – ou pensava que conhecia – até hoje, passa por você diariamente. São pessoas, essas chaves, esses pontos de virada. Pessoas comuns, das que a gente quase não nota, das que podem cruzar nosso caminho dez vezes no mesmo dia sem nos darmos conta. A gente tem pouco talento para observar o mundo ao redor, essa é a verdade. Nosso celular é tão mais interessante, sempre com as mesmas fotos, as mesmas mensagens, os mesmos interesses. A gente simplesmente não vê a vida trabalhando.
Mas ela, mesmo assim, se esforça, e nos dá outra chance. Essas chances vêm de todo e qualquer lugar. Quer um bom exemplo? As pessoas solitárias do metrô. Elas estão se amontoando, entrando nos horários de rush e se acotovelando para descerem antes que a porta se feche. Às vezes faço questão de fechar o livro que estou lendo, ou ignorar um pouco o Facebook matinal no celular, só para observar as pessoas. Pode parecer que não, mas todo mundo olha pra todo mundo no metrô. Só que parece um olhar de fantasma, uma visão de raio-x, que enxerga as pessoas sem ver ninguém. É assim que o povo que reclama da solidão perde a chance de conhecer alguém que pode mudar tudo dali pra frente. Se você é desses, acredite: você perdeu o amor da sua vida umas mil vezes, no mínimo.
Às vezes é um cara bonitinho que você viu entrar, que estava todo sonolento no canto e que, de tanto sono, deixou cair um cartão, as chaves, um papel, a carteira, qualquer coisa no chão. Você poderia ir lá e avisá-lo, pegar, puxar papo, olhá-lo mais de perto, dar umas risadas, fazê-lo acordar, reparar que ele tem dentes muito brancos, perceber que ele fecha os olhos de leve quando ri e descobrir que ele cursa arquitetura, que está no terceiro ano, que pretende se especializar em casas de