Diversidades
Este artigo aborda a complexa questão da diversidade no campo da Educação, considerando que tal abordagem não prescinde do tema da desigualdade de gênero em suas diversas manifestações. A metodologia utilizada apoia-se em análises de fontes bibliográficas, documentais e em resultados de pesquisas de campo com diferentes dimensões teórico-metodológicas. Partiu-se do pressuposto fundamental de que as relações sociais de gênero são construídas no âmbito da vida em sociedade. A questão própria da educação relaciona-se com a produção das identidades socialmente construídas pelos indivíduos a fim de se reconhecerem uns aos outros nos diferentes campos de atuação. Em outras palavras, os agentes sociais interagem, produzem e reproduzem formas de socialização/formação segundo algumas disposições – ou seja, ações recorrentes que são incorporadas e/ou subvertidas na prática social – e nos permitem refletir sobre como a identidade se constituiu. Romper com a reprodução de modelos e crenças estruturados sobre as relações de gênero, por exemplo, permite à escola tornar-se espaço problematizador das diferenças e desigualdades, uma vez que pode lançar mão de temas transversais, possíveis de serem articulados ao currículo, vinculando-os ao cotidiano dos alunos, do qual as relações de gênero fazem parte de maneira intrínseca.
O conceito de gênero surgiu entre as estudiosas feministas para se contrapor à idéia da essência, recusando qualquer explicação pautada no determinismo biológico, que pudessem explicitar comportamento de homens e mulheres, empreendendo, dessa forma, uma visão naturalista, universal e imutável do comportamento. Tal determinismo serviu para justificar as desigualdades entre ambos, a partir de suas diferenças físicas. De acordo com as autoras Guacira L. Louro (1997) e Eliane Maio Braga (2007), a expressão gênero começou a ser utilizado justamente para marcar as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física e