Ditadura e Redemocratização
TEXTOS DE HISTÓRIA
TEXTO 1 - A RESISTÊNCIA DOS ESTUDANTES - Rodrigo Valente
No Brasil, o ano de 1968 começou no dia 28 de março. É a data do assassinato do estudante secundarista
Edson Luís pela polícia, em uma manifestação no Rio de Janeiro contra o fechamento do restaurante universitário
O Calabouço. Bastante organizado à época, o movimento estudantil respondeu ao ataque. Em poucas horas, milhares de jovens tomaram a Assembléia Legislativa para velar o corpo de Edson. No dia seguinte, realizaram um gigantesco protesto durante o enterro. Desta vez, os estudantes estavam acompanhados de professores, artistas, religiosos, sindicalistas e todo tipo de gente contrária ao regime militar. Houve manifestações nas principais cidades do país.
O assassinato de Edson Luís resultou em uma comoção social e, pela primeira vez desde o golpe, colocou os militares na defensiva. Na semana seguinte, entretanto, a repressão voltou com força. Durante a missa de sétimo dia, a polícia cercou a igreja da Candelária. Centenas de pessoas ficaram sitiadas e atacadas pela cavalaria. Outra jornada de protestos explodiu Brasil afora.
A crise detonada pelo assassinato de Edson Luís tinha muitas razões. 1968 é um momento de forte desilusão da classe média com o regime militar. Houve uma divisão deste setor, que em 1964 apoiou em sua maioria a deposição de João Goulart em cima da propaganda anticomunista e da crise econômica. Esperavam uma transição rápida para a democracia. Passados quatro anos, não viam nenhuma perspectiva de abertura e eram vítimas de uma política econômica recessiva.
A classe média agora estava majoritariamente contrária ao regime. Seus filhos, a maioria dos 200 mil estudantes universitários e centenas de milhares de secundaristas, seguiram o mesmo caminho. A vanguarda do movimento estudantil que em 65, 66 e 67 agitava a universidade com seus discursos e protestos, agora tinha ao seu lado a massa dos estudantes.
Em 1964, o golpe militar conseguiu