Ditadura Militar
Rodado integralmente nas favelas cariocas de Cidade Alta, Nova Sepetiba e Cidade de Deus, o filme já nasceu polêmico. Como são territórios controlados pelo narcotráfico, a produção precisou de autorização das associações de moradores, que - obviamente - reportam-se aos chefes do crime local. Acertado isso, o acesso às locações foi garantido, com a ressalva de que deveriam contratar o maior número possível de moradores das comunidades para trabalhar nas filmagens.
Sendo assim, Fernando Meirelles (Domésticas) e a co-diretora Katia Lund (que já tinha experiência em trabalho no morro quando produziu o clipe They care about us, de Michael Jackson) criaram uma ONG chamada Nós do Cinema, que preparou e selecionou 200 moradores das favelas para trabalharem em Cidade de Deus. A experiência foi tão positiva que resultou em apenas um ator profissional na produção, o excelente Matheus Nachtergaele (O auto da compadecida, Buffo & Spallanzani, O que é isso companheiro?).
O filme, uma adaptação do romance homônimo de estréia de Paulo Lins, trata sobre a ascensão do crime na favela Cidade de Deus, que começou sua história como um conjunto habitacional em 1966. Lins, mais conhecido como Buscapé, assim como tantas outras crianças de sua geração, cresceu em meio a um dilema: trilhar o árduo caminho de uma vida honesta ou o sedutor caminho do crime?
A decisão não é fácil e ficar no meio pode ser até mais perigoso. Buscapé - no filme, Alexandre Rodrigues - que o diga! Afinal, é exatamente nessa posição que ele se encontra no início do filme. De um lado, a PM. De outro, o pessoal do