Ditadura Militar
Engloba todo um complexo. O Cenimar cria na Ilha das Flores, um dos principais centros de tortura do Rio. A ação do Cisa, da Aeronáutica, menos intensa, também faz vítimas. As auditorias das 3 armas julgam e condenam os réus com base em confissões obtidas sob tortura. O leque das vítimas vai muito além da esquerda armada. Abarca estudantes, intelectuais e artistas, religiosos, áreas do movimento sindical e comunitário e a oposição, mesmo legal. A estratégia é seletiva, de eliminação dos dirigentes, mas o método necessariamente multiplica o número de atingidos. O projeto Brasil: registra 13.752 indiciados em inquéritos com base na LSN; 7.367 são levados ao banco dos réus. Um número incalculável passa pela prisão sem registro formal. As detenções em Operações – Arrastão, corriqueiras, podem superar os 10 mil em um só dia. O clima dos Anos de Chumbo pesa sobre toda a sociedade.
Torturado pela ditaduraA tortura se converte em sistema. No pau-de-arara (fig. ao lado) a vítima é pendurada numa barra de ferro que passa entre os punhos amarrados e a dobra dos joelhos. Os choque elétricos são aplicados nos ouvidos, língua, dentes, e, sobretudo nos órgãos genitais; a pimentinha é um dispositivo que aumenta a voltagem, provoca faíscas e queimaduras. O afogamento emprega uma mangueira enfiada na boca ou narinas. A cadeira do dragão, de metal, é eletrificada. A geladeira é um recinto sem ventilação, ora super refrigerado, ora abafado, às vezes com sistema que emite sons estridentes em alto volume ou prossegue o interrogatório. O enforcamento, progressivo, com uma corda, vai até a vítima desmaiar. No Cristo Redentor a vítima é pendurada pelos braços, com pesos nos pés. A estica são blocos de cimento pendurados por pulseiras de ferro nas mãos e pés. O banho chinês mergulha a cabeça do prisioneiro num tambor. Em geral a vítima está nua e encapuzada.
Tortura-se mulheres diante dos esposos, filhos na presença dos pais; há muitos estupros e casos de