Dissolucao do complexo de edipo
A dissolução do Complexo de Édipo (p.193) in Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, vol. XIX – Rio de Janeiro: Imago Ed., 1996.
O Complexo de Édipo é o fenômeno central do período sexual da primeira infância. Após isso acontece sua dissolução, ele sucumbe à regressão, como dizemos, e é seguido pelo período de latência. Ainda não se tornou claro, contudo, o que é que ocasiona sua destruição. As análises parecem demonstrar que é a experiência de desapontamentos penosos. Assim, o Complexo de Édipo se encaminharia para a destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua impossibilidade interna.
Outra visão é a de que o Complexo de Édipo deve ruir porque chegou a hora para sua desintegração. Ele constitui um fenômeno que é determinado e estabelecido pela hereditariedade e que está fadado a findar de acordo com o programa, o instalar-se a fase seguinte preordenada de desenvolvimento. Há lugar para a visão ontogenética, lado a lado com a filogenética, de conseqüências bem maiores.
O desenvolvimento sexual de uma criança avança até determinada fase, na qual o órgão genital já assumiu o papel principal. Esse órgão genital é apenas o masculino, o pênis. O genital feminino permaneceu irrevelado. Essa fase fálica, que é contemporânea ao Complexo de Édipo, não se desenvolve além, até a organização genital definitiva, mas é submersa, e sucedida pelo período de latência. Seu término se realiza de maneira típica e em conjunção com acontecimentos de recorrência regular.
Quando o interesse da criança do sexo masculino se volta para os seus órgãos genitais, ela revela o fato manipulando-os freqüentemente, e descobre que os adultos não aprovam esse comportamento. Essa ameaça de castração é o que ocasiona a destruição da organização genital fálica da criança. A psicanálise ressaltou duas experiências por que todas as crianças passam e que as preparam para a perda de partes altamente valorizadas do corpo: