O Brasil está enfrentando novamente uma grave crise política. Em 1992, o então presidente Fernando Collor de Melo sofreu o processo de “Impeachment” devido a denúncias de corrupção. Agora, o ex-torneiro mecânico que chegou à presidência está submerso num cenário vergonhoso para todos nós. E o pior – e mais temeroso – é que essa crise não é só política. É também uma crise de valores fundamentais ao desenvolvimento de uma nação. É inegável que o poder tem a capacidade de transformar as pessoas e, na maioria das vezes, negativamente. Quanto mais se tem poder, mais tênue e irrelevante parece ficar a ética, detentora dos valores mais nobres, imprescindíveis ao ser humano, que deveriam nortear o comportamento, principalmente, daqueles que têm a honra e o privilégio de governar nosso país. Entretanto, infelizmente, não é o que os fatos têm nos revelado. O que aconteceu na era Collor – denúncias de corrupção e tráfico de influências contra ele e seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias – deveria ter sido uma lição definitiva. Mas*não foi. O “mensalão”, suposto esquema de pagamento de mesada a deputados da base aliada do governo em troca de apoio político, é uma prova irrefutável de que o passado não tem sido uma lição para se meditar, mas*sim para se reproduzir: uma trágica paródia do sábio conselho de Mário de Andrade, nome consagrado da literatura brasileira. Nesse contexto fatídico, a corrupção de alguns, que não conseguem se manter íntegros no exercício do poder, acaba prejudicando a todos. Segundo a revista Veja, 25 de maio de 2005, a economia brasileira perde, em função disso, de 3% a 5% do PIB por ano, o equivalente a cerca de 72 bilhões de reais. O uso ilícito do dinheiro público, portanto, além de atrasar ainda mais o desenvolvimento do país, contribui para que ele continue sendo um dos campeões mundiais em concentração de renda e desigualdade social. É preciso mudar esse quadro. Mas a lentidão e ineficiência da justiça – responsável por boa parte