Disfunção renal durante a gravidez
Introdução
Atualmente a insuficiência renal aguda (IRA) é uma rara complicação da gravidez, diferente do que ocorria nas décadas de 50 e 60, em que 22% dos casos eram advindos de causas obstétricas. A diminuição da incidência dessa complicação está relacionada à melhoria do cuidados pré e perinatal e à diminuição de taxas de abortamentos ilegais. No entanto, desde os anos 80, há carência de estudos sobre a disfunção renal associada à gravidez no mundo ocidental, sendo então necessária a realização de estudos retrospectivos para descrever possíveis fatores de risco.
A IRA pode ser definida como uma queda abrupta do ritmo da filtração glomerular, porém, é interessante lembrar que ana gravidez há um aumento de cerca de 50% de sua taxa, que já se inicia em torno do segundo mês de gestação, ao passo que a creatinina na gestação normal está entre 0,6 e 0,7mg%. Desse modo, elevações aparentemente pequenas na creatinina, em gestantes, correspondem a quedas substanciais na função renal. Por exemplo, uma grávida com 1,2mg% de creatinina tem redução de aproximadamente 50% do ritmo de filtração glomerular.
A insuficiência renal aguda associada à gravidez é mais freqüente no primeiro trimestre, geralmente associada a sangramento por aborto espontâneo ou abortamento séptico e, no final da gravidez, decorrente de complicações como perda sangüínea por placenta prévia, descolamento prematuro de placenta e por diminuição da superfície de filtração glomerular, como nos casos de pré-eclampsia e