Disfunçoes sexuais
G lobalmente, a comunidade científica tem dedicado uma menor atenção ao estudo da sexualidade feminina e privilegiado o conhecimento dos aspectos da sexualidade masculina.
Aliás, não só os responsáveis pela pesquisa no campo científico – que beneficiam do enorme apoio da indústria farmacêutica desde o lançamento do tão mundialmente famoso Viagra – como os próprios media (Leland, 2000 cit.por Wincze e Carey, 2001)1 têm favorecido este crescente culto unilateral.
Mesmo assim, ao longo dos últimos 30 anos, no âmbito do contexto clínico, tem subsistido um esforço por se encontrar uma resposta terapêutica para as dificuldades sexuais das mulheres apesar da desproporcionalidade do «estado da arte». Em 1953, Alfred Kinsey publica a obra Sexual Behaviors in The Human
Female2 tornando-se numa referência obrigatória relativa à descrição pormenorizada do repertório sexual feminino.
Nas décadas de 60 e 70, William Masters e Virgínia Johnson estudam experimentalmente a resposta sexual humana editando Human Sexual Response
(1966)3 e Human Sexual Inadequacy
(1970)4. Revolucionam o conhecimento da época ao proporem um modelo quase unisexual da resposta sexual humana
– o modelo EPOR baseado em quatro hipotéticas fases do ciclo da resposta sexual: Excitação, Plateau, Orgasmo e Resolução.
Helen Singer Kaplan5 salienta a ausência do desejo sexual na proposta
EPOR e apresenta um modelo alternativo, na sua essência, trifásico DEO
(Desejo, Excitação e Orgasmo).
Ambos os modelos supracitados partilham três características que exerceram uma influência considerável na prática da terapia sexual, nomeadamente6:
1. a atribuição à ansiedade do papel central na etiologia das disfunções sexuais; 2. trata-se de modelos organizativos das respostas sexuais periféricos que ignoram aspectos psicológicos e
3. a unisexualidade dos modelos.
É provável que a maior complexidade da resposta sexual feminina tenha