DISCURSO HIST RICO
Inicia o discurso com a ideia de sedição (“motins e sublevações”). Vários foram os levantes nas Minas, mas “nenhuma de tão perniciosas consequências, e tanto para temer” (59) do que àquela conhecida hoje como Revolta de Vila Rica, de 1720. A razão disso está no “temerário e inaudito fim a que se encaminhava e dirigia, qual era alçar a obediência ao seu príncipe, usurpar o patrimônio real esta rica porção, e introduzirem-se nela despoticamente soberanos os mesmo que ainda eram indignamente vassalos” (59). Isto é, o episódio continha um caráter político de inversão da ordem e do estado de coisas: tornar senhor quem é mau vassalo, num desprezo à soberania real sobre a região. Isso o tornaria diferente de um “motim”, mas o autor afirma utilizar também este termo, já que em Minas não se fazia essa diferenciação, deliberadamente ou não: “ou não alcançam rústicos a diferença, ou capeiam maliciosamente com menos horroroso, e detestável vocábulo a sua maldade, chamam igualmente motim ao que é rebelião” (59). De toda forma, está destacado o fato de que aquele episódio continha um caráter político e “subversivo”, donde o seu caráter perigoso.
Daí o discurso vai descrever as razões e motivos dessa sedição.
A primeira está na disposição dos habitantes das Minas. Imediatamente, o autor relaciona essa disposição negativa dos mineiros à natureza do lugar, afirmando-se em primeira pessoa de modo a explicitar o seu próprio ponto de vista. É interessante notar que os agentes da sublevação não é propriamente o povo, mas os “cabeças” que “levavam a tão precipitado, cego e bárbaro desatino. No entanto, o argumento do discurso estende as considerações sobre “as Minas e seus moradores”, generalizando-os a partir da influência da natureza da região. “(...) gente intratável, sem domicílio, (...) é menos inconstante que os seus costumes: os dias nunca amanhecem serenos (...) tudo é frio naquele