Discriminação contra os negros
Após extensa produção tanto qualitativa como quantitativa, é difícil negar os grandes diferenciais raciais observados em quase todos os campos da vida cotidiana. Negros nascem com peso inferior a brancos, têm maior probabilidade de morrer antes de completar um ano de idade, têm menor probabilidade de freqüentar uma creche e sofrem taxas de repetência mais altas na escola, o que os leva a abandonar os estudos com níveis educacionais inferiores aos dos brancos. Jovens negros morrem de forma violenta em maior número que jovens brancos e têm probabilidades menores de encontrar um emprego. Se encontram um emprego, recebem menos da metade do salário recebido pelos brancos, o que leva a que se aposentem mais tarde e com valores inferiores, quando o fazem. Ao longo de toda a vida, sofrem com o pior atendimento no sistema de saúde e terminam por viver menos e em maior pobreza que brancos. E isso não decorre apenas da situação de pobreza em que a população negra está majoritariamente inserida.
As desigualdades raciais no Brasil são influenciadas de maneira determinante pela prática passada e presente da discriminação racial.
As diferenças entre negros e brancos, no entanto, não são imutáveis. Os indicadores sociais aqui apresentados apontam para uma diminuição das desigualdades raciais entre
1995 e 2005, embora ainda modesta. Este, no entanto, continua sendo um fenômeno complexo, constituindo-se em um enorme desafio para governos e para a sociedade brasileira em geral.
Nesta edição de Políticas Sociais – Acompanhamento e Análise, são analisados aspectos específicos da situação social do negro no Brasil, no período entre 1995 e 2005, com ênfase especial para as questões educacionais e relacionadas ao mercado de trabalho. Discute-se, também, o quadro institucional que, nesse período, foi construído em resposta à situação de ampla desigualdade racial e