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312 palavras
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Análise d’O AlienistaO Alienista é o conto de Machado de Assis que inaugura sua fase realista, mais proeminente que a anterior romântica. O conto apresenta-nos o Dr. Simão, que retorna a Itaguaí, sua cidade-natal, após uma carreira médica de sucesso pela Europa e Brasil. Por lá, casa-se com uma viúva desinteressante que não lhe dá os filhos bons que esperava, e interessa-se por e pesquisa muito sobre psiquiatria, resolvendo abrir o manicômio Casa Verde e internar os loucos da cidade. Acaba que, fanático, passa a internar todo mundo, até perceber que, depois de várias tensões, com destaque à Revolta das Canjicas como intriga maior do conto, o “perfeitamente anormal” era ele. Trancou-se sozinho na Casa Verde até o fim da vida.
Machado de Assis procurou fazer neste conto uma ferrenha crítica ao cientificismo crescente da época, que atenuava os limites entre a razão lúcida e a obsessão instrumental. Buscou, também, levantar dúvida quanto às demarcações da normalidade, até que ponto realmente existem e vale a pena segui-las. Há também um tratamento superficial quanto à natureza psíquica das personagens, típico dos realistas, suplantada pelo maior interesse nas relações sociais. Com gosto e ironia, o autor também dispõe constantemente um embate entre vícios e virtudes, estas últimas sempre fraquejando. O narrador é onisciente em terceira pessoa, e como de costume para Machado de Assis, expõe com muita ironia o egoísmo e a vaidade humanos. A construção do tempo se dá com uma visão para o passado, numa época que remonta ao reinado de D. João V; o uso de analepses é recorrente. O espaço do conto restringe-se apenas à cidadezinha de Itaguaí, com uma ambientação aparentemente calculada e objetiva, mas ao mesmo tempo leve, fresca. O enredo é verossímil, e as personagens variam entre planas e redondas, abrangendo até alguns tipificados. O discurso é predominantemente direto.