Dilma
A presidente iniciou seu governo declaradamente num espírito de continuidade com o de seu antecessor, Lula,147 e até chegou-se a temer que ela ficaria dominada pela sua influência. No entanto, ela logo impôs um estilo pessoal de governar e ideias próprias, embora Lula permaneça naturalmente como conselheiro até hoje. Apesar da crise inicial com seus ministros, o governo não foi profundamente abalado por isso. As maiores dificuldades apareceram pela mudança no contexto internacional, diluindo o ambiente favorável ao crescimento que Lula encontrara, e trazendo desafios inesperados aos planos originais, fazendo baixar as expectativas.148 149
Estudo sobre seu primeiro ano de governo, elaborado pelo Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores em parceria com o Instituto Humanitas da Unisinos, considerou que os princípios que nortearam sua atuação inicial derivam de um modelo desenvolvimentista, em que o Estado tem importante papel na regulação e fomento do crescimento econômico, bem como na definição das estratégias para o crescimento. As suas primeiras medidas de impacto foram a elevação da taxa de juros de 10,75 para 11,25%, a definição do salário mínimo em R$ 545,00 e um grande corte no orçamento, que teriam o objetivo de disciplinar a rápida expansão da economia e conter a inflação, que já dava mostras de se elevar.148 150 151 Outros grandes interesses do governo eram os juros, o câmbio, o ajuste fiscal, a política industrial e a relação comercial com a China.148 Suas ações logo desencadearam polêmica. Para uns foram uma boa novidade, para outros elas significavam claramente a continuidade em relação ao governo anterior, dado interpretado tanto contra ela como a seu favor. Os críticos do governo Lula a viam como a perpetuação dos problemas que apontavam antes, mas para outros a meta de manter em alta o crescimento era uma justificativa suficiente para a continuidade de um modelo que consideravam de sucesso.