Diferenças sobre canções do exílio
“Os assuntos e paisagens locais são o alimento normal do escritor, mas o ‘sentimento íntimo’ é o que o torna representante autêntico de sua nacionalidade, e é esse ‘sentimento íntimo’ que constitui a essência da nacionalidade literária.” Assim é descrita a expressão do nacionalismo na literatura por Machado de Assis. Essa temática surge após a Independência do Brasil, marco definitivo para a consciência de uma nação brasileira e não mais portuguesa. O espaço, a natureza e a gente brasileira são descritas ricamente no movimento denominado Romantismo. Um dos principais artistas românticos, e que participou fielmente dessa veia nacionalista, foi Gonçalves Dias. Poeta, estudioso e pesquisador da história brasileira, Gonçalves Dias fez parte de uma época em que cabia aos artistas resgatar essa história, que estava se perdendo, servindo-se da literatura. O pensamento dessa corrente era que só através de um conhecimento de suas ‘terras’ é que poderiam preparar ao futuro. De toda a produção poética da primeira geração romântica, será difícil encontrar versos tão conhecidos quanto os da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. Síntese do amor pela pátria manifesta naquele momento em que o poeta se encontrava exilado em Coimbra, o ‘eu’ do poema faz grande exaltação das belezas do Brasil enquanto deixa muito claro o seu saudosismo:
“Minha terra tem primores| Que tais não encontro eu cá.”/ “Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;”
Segundo uma interpretação detalhada por Sylvia Helena Cyntrão (1988), os principais elementos do poema são as palavras ‘eu’, ‘palmeiras’ e ‘sabiá’, que expressam a relação entre poeta e sua terra natal. Gonçalves Dias tinha como característica explicar seus poemas através de sua metalinguagem disfarçada pelo conteúdo poético. É o que o ocorre com a palavra
‘sabiá’, no poema, ela é escrita em letra maiúscula,