Em “Rio” nós presenciamos uma Rio de Janeiro encantadora, colorida, intensamente regada de práticas esportivas, pessoas em praias, músicas e carnaval - basicamente tudo o que a cidade tem de verdadeiramente maravilhosa, porém acentuada convenientemente para as óticas de uma animação cuja proposta é, acima de tudo, divertir. Por outro lado, “Rio” também não se esconde completamente por trás do glamour das tão exaltadas qualidades da cidade e faz questão de incluir em sua história pequenas passagens na favela - ao demonstrar pela superfície como o local é diferente das entusiásticas praias, do corcovado e afins -, além de ter como vilões de sua trama uma quadrilha que contrabandeia aves. Ainda que apresente um grande número de discrepâncias em relação ao que é realmente a cidade do Rio de Janeiro, o roteiro de “Rio” o faz com temperança, não soando desrespeitoso, tampouco ridículo. E mesmo quando somos apresentados a momentos aparentemente embaraçosos e mal-sugestivos, como quando macacos arremedam os ladrões de turistas ao roubarem seus pertences e quando brasileiros falam inglês fluente, é fácil indultá-los, uma vez que os personagens bilíngues surgem como uma alternativa (preguiçosa, sim, mas vá lá...) para o enredo fluir sem ter de se preocupar com traduções, e os macacos são divertidos e representam de uma maneira inocente o que realmente acontece no Rio de Janeiro - e, francamente, não caberia ao longa de Carlos Saldanha perfazer comentários sociais apropriados, portanto, as meras sugestões espirituosas do diretor acabam funcionando na medida certa. E talvez seja por isso que em circunstâncias onde o diretor tenta criar algum tipo de drama com a situação de um pobre garoto da favela (inclusive revelando a desnecessária desconfiança de um dos personagens para com o menino para ressaltar seu ponto), o filme incomode tanto; além de ser piegas e demasiadamente óbvio, o personagem do garoto é tão mal desenvolvido que vê-lo ao final do filme em certa cena junto dos