DIAS Gustavo A Reducao Do Negro Reflexoes Sobre Violencia Racial No Brasil A Partir De Pierre Bourdieu E Willem Schinkel
6771 palavras
28 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
GUSTAVO FERNANDES DE CASTRO DIAS
Trabalho de conclusão da disciplina Tópicos Especiais em Sociologia: Violência e Teoria Social
A “REDUÇÃO DO NEGRO BRASILEIRO”
REFLEXÕES SOBRE VIOLÊNCIA RACIAL NO BRASIL A PARTIR DE PIERRE BOURDIEU E WILLEM SCHINKEL
Rio de Janeiro
2014
1. Introdução
Nas últimas décadas, a desigualdade racial existente no Brasil foi evidenciada por inúmeros estudos estatísticos, tendo como marco referencial as pesquisas de Nelson do Valle Silva (1979) e Carlos Hasenbalg (1979). A antes idolatrada democracia racial foi desta forma desmascarada como mito, pois não condizia com os achados empíricos publicados por esses estudos: a existência de um processo histórico e persistente de marginalização do negro na hierarquia socioeconômica vigente.
Contudo, as causas e consequências dessa desigualdade não são objetos de consenso no campo acadêmico, uma vez que a denúncia dessa segregação veio acompanhada de um contraponto: a noção de que, embora exista racismo, em se tratando das relações de sociabilidade e convívio entre brancos e negros, o Brasil estaria em uma posição mais privilegiada se comparado a países que tiveram uma história de intensos conflitos e violência interracial, como os Estados Unidos. Todavia, relatórios publicados nos últimos anos buscam evidenciar um fenômeno contraditório a essa noção, o genocídio do povo negro, decorrente da formulação de políticas públicas que deixam de contemplar esse segmento da população. A partir desse achado começa-se a falar sobre um tipo específico de violência presente na sociedade brasileira: a violência racial. A discussão sobre esse tipo de violência acaba por conceitualizar violência como um processo de interação e ação entre dois ou mais atores, dividindo-os em atores ativos (os agressores) e passivos (as vítimas), com o intuito de denunciar a