Diamantes de sangue
Texto: Marley Trifilio
Imagens: Luiz Carlos Ribeiro / Luiz Carvalho
O
nde há diamantes demais, a vida vale uma ninharia. Um exemplo contundente disso aconteceu dia 7 de abril de 2004, numa área da floresta amazônica chamada Reserva Indígena Roosevelt, que fica a
554 quilômetros de Porto Velho, Rondônia. Dizem que houve mais de duzentos mortos, mas números oficiais registram 29 garimpeiros assassinados por guerreiros Cinta-Larga
– as vítimas foram torturadas, depois tiveram os membros arrancados. Na época, uma nova mina de diamantes tinha sido descoberta na região, e os garimpeiros, autorizados pelos índios a lavrar diamantes, tentaram enganar as lideranças indígenas na hora da partilha. Rondônia virou notícia mundial com uma história marcada pelo brilho das pedras e horror.
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À esq., enterro coletivo dos 29 garimpeiros mortos em 2004; abaixo, uma das vítimas da chacina enterrada sem identificação
e nascida em São Paulo, ela conheceu o marido,
Roney, na capital paulista. Ele pode entrar e sair da reserva dos Cinta-Larga sem problemas com sua moto – é mecânico e presta serviço para os índios.
A paulistana partiu para Rondônia só com uma máquina escavadeira e uma pequena equipe de garimpeiros, mas conseguiu seu espaço na disputada área dos Cinta-Larga. “Olha, se você quiser, eu dispenso a minha cozinheira e você entra no lugar dela, disfarçada. Mas tem que ter equipamento bom para filmar tudo. Se os índios descobrirem, você está frita e eu também”, convida. “Daí você vai ver que essa história de que não tem