Diale tica do esclarecimento Controle e alienac a o da sociedade
Por Marcela Belchiori
Redigida e concluída ainda durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, a tese dos filósofos alemães Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, então exilados em Los Angeles, Califórnia (EUA), se desenvolveu já enxergando o fim do regime totalitário da Alemanha. O livro Dialética do esclarecimento, publicado em 1947, se tornou uma das mais importantes obras que figuram no conjunto de teorias da Comunicação, contribuindo com uma profunda e bem fundamentada análise sobre a relação da verdade com o poder de compreensão do pensamento da época.
Especificamente na área comunicacional, os autores refletem sobre a Indústria Cultural, mas a obra também discute com propriedade as relações entre mito e razão, controle político e midiático e as relações sociais do anti-semitismo alemão na era hitlerista. Em Dialética do esclarecimento têm-se uma das principais teses do arcabouço das teorias críticas da Comunicação desenvolvidas pela Escola de Frankfurt.
A obra se desenrola apoiada em duas teses principais que envolvem, de acordo com os autores, um processo dialético de construção social:
(1) O mito já é esclarecido e o esclarecimento acaba por se reverter à mitologia.
(2) Os processos sociais desencadeados pelo contexto de fortalecimento da Indústria Cultural mostram a regressão do esclarecimento à ideologia, que encontra no cinema e no rádio sua expressão mais influente.
Além dessas duas teses principais, Adorno e Horkheimer discutem sobre os elementos do anti-semitismo, defendendo que tal fenômeno representa um retorno efetivo da civilização esclarecida à barbárie, apontando que a racionalidade tende à autodestruição.
Comecemos discutindo a dialética entre mito e esclarecimento apresentada na obra. Segundo os autores, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Sendo assim, o programa do esclarecimento era o