Diadorim e clorinda: donzelas, guerreiras e donzelas-guerreiras

Diadorim e Clorinda: donzelas, guerreiras e Donzelas-Guerreiras

Marcelo Lustosa da Cruz

Introdução

Esse trabalho pretende verificar diacronicamente, a existência de Donzelas-Guerreiras na literatura épica universal, italiana e brasileira em particular, através das obras Jerusalém Libertada e Grande Sertão: Veredas, de Torquato Tasso e Guimarães Rosa, respectivamente. Primeiramente verificar-se-á ser a Donzela-Guerreira uma variante do mito do andrógino, que é citado por Aristófanes em O Banquete, de Platão. Em seguida serão analisadas, de forma comparativa, as personagens Clorinda e Diadorim, da obra tassiana e roseana respectivamente, observando suas características masculinas e femininas para provar a hipótese: Clorinda e Diadorim são Donzelas-Guerreiras. Deve-se, então, observar as palavras ditas por Aristófanes na obra platônica:

Em primeiro lugar, três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia mais um terceiro, do qual resta agora um nome... andrógino era então um gênero distinto... quatro mãos ele tinha, e as pernas o mesmo tanto das mãos... E quanto ao seu andar, era também ereto como agora... Eram por conseguinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grande presunção eles tinham... para investir contra os deuses... Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: ‘Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança. ’

Zeus então divide o andrógino em duas partes, masculina e feminina, que passarão a vida procurando a sua metade perdida. Somente unidas tornar-se-ão seres completos novamente. Devo dizer que, para levantar as características masculinas e femininas das Donzelas-Guerreiras levarei em conta os estereótipos destas características. Assim podemos ver que o andrógino é, em primeiro lugar, possuidor de marcantes características dos sexos opostos, possuindo ao mesmo tempo