Deuses gregos
QUASE TODOS os povos indígenas brasileiros contam preciosas histórias sobre a origem do fogo. Muitos relatam incêndios que teriam destruído a terra, assim como há histórias de inundações e dilúvios que exterminaram a humanidade.
Haverá algum sentido em buscar nos mitos uma correspondência com fenômenos climáticos arcaicos, com a destruição das florestas pelo fogo, ou com a criação de desertos, já que os mitos vêm de épocas antigas?
Saber o que os mitos são é um desafio. Eles continuam a esconder um significado misterioso através das análises, as mais variadas, e uma infinidade de definições e explicações têm sido propostas. A palavra mito, como se sabe, vem do grego e significa, narrativa contada. Há uma definição sucinta e muito útil, bastante apoiada em Mircea Eliade, que vale a pena transcrever:
"MITO: NARRATIVA tradicional sobre o passado que freqüentemente inclui elementos religiosos e fantásticos. Alguns tipos de mitos são encontrados em todas as sociedades, embora funcionem de diferentes maneiras em cada uma delas. Os mitos podem tentar explicar a origem do universo, e da humanidade, o desenvolvimento de instituições políticas ou as razões das práticas rituais. Os mitos muitas vezes descrevem as façanhas de deuses, de seres sobrenaturais, ou de heróis que têm poderes suficientes para se transfigurar em animais e para executar outra proezas extraordinárias. Antropólogos passaram muito tempo tentando diferenciar mito de história, mas a história pode exercer as mesmas funções do mito, e os dois tipos de narrativas sobre o passado algumas vezes se confundem. Teóricos como Frazer interpretavam os mitos como formas de antigos pensamentos científicos ou religiosos. Esta abordagem foi posteriormente criticada por Malinowski, que via o mito como explicação para a ordem social. O historiador romeno norte-americano Mircea Eliade (1907-86) via o mito como um fenômeno religioso, isto é como a tentativa de o homem retornar ao ato original da