Deus numa perspectiva científica e religiosa
Uma idéia freqüentemente difundida em nossa sociedade, e reforçada pelos meios de comunicação, é a de que a ciência é fundamentalmente atéia, isto é, procura negar sistematicamente a existência de Deus. Na verdade, ao contrário das religiões, que postulam a existência de Deus como um dogma incontestável, e chegam mesmo a descrever como Deus é e como fez para criar o mundo, a ciência não parte de nenhuma idéia preconcebida, mas, através da análise fria dos fatos e da construção de teorias sempre amparadas pela lógica, busca antes saber se Deus realmente existe — isto é, se ele precisa necessariamente existir para explicar a existência do Universo.
Assim, enquanto a religião simplesmente afirma a existência de Deus — e também eventualmente do demônio, do paraíso e do inferno — a ciência está preocupada em verificar se isso é realmente verdade. E mais, se Deus existe, então como ele é, e por que criou o mundo do modo como é? É evidente que a questão da existência ou não de Deus, e conseqüentemente do como e do porquê de sua existência, não é propriamente uma questão científica, já que a ciência, por definição, só se ocupa do estudo de dados observáveis, isto é, sujeitos à experiência, e Deus não parece ser um dado observável. Por isso, a discussão sobre a existência de Deus é muito mais uma discussão ontológica do que científica ou mesmo religiosa, e muitos filósofos e pensadores têm-se debruçado sobre esse tema ao longo dos séculos. Talvez seja desalentador — ou quem sabe alentador — assinalar que já se conseguiu produzir tantas teorias convincentes sobre a inexistência de Deus quanto sobre sua existência, o que significa duas coisas: em primeiro lugar, que a compreensão desse grande mistério transcende nossa capacidade intelectual (sem dúvida, não somos os seres mais inteligentes do Universo); em segundo lugar, tudo depende da conceituação que façamos de Deus.
O fato é que Deus é, de todos