desprezo das massas
Ensaio sobre lutas culturais na sociedade moderna
Peter Sloterdjik
Capítulo I – Pretume de gente As massas (de pessoas, tipo o agrupamento de trabalhadores) é um acontecimento do século XX (20). Para o autor, o único que conseguiu entender a importância das massas foi Elias Canetti. Segundo Canetti, as massas evoluem muito rápido, dado que as pessoas se aglomeram num piscar de olhos. Ele diz: “de repente fica tudo preto de gente” (e por isso que o capítulo chaa-se ‘pretume de gente’). Percebe-se que essa ideia de Canetti carrega uma subjetividade. Para ele, essa massa-ajuntamento é algo vago, frágil, epidêmica. Isso porque, quando um indivíduo está dentro de uma massa, ele perde o seu eu. As massas isolam os indivíduo. Todos se sentem iguais. E por causa desse momento, ninguém é mais, ninguém é melhor do que o outro, as pessoas se tornam massas. Aqui, igualdade não significa igualdade de direitos. Igualdade, nesse sentido, é o deixar-se ir pela maioria – como se, de repente, tudo ficasse preto de gente. Isso não acontece da mesma maneira hoje – é bom lembrar. Ele está falando da década de 30, mais ou menos, quando as pessoas começaram a viver essa experiência como um coletivo. Se nós não podemos ver essa característica de agrupamento na sociedade de hoje, é porque ela mudou. As massas, hoje em dia, pararam de ser massas de reuniões e ajuntamentos. Quer dizer, ela não é, mais, um agrupamento físico. A massa da sociedade pós-moderna (que é a mais próxima de nós) não tem mais um sentimento de corpo e espaço. O problema disso é que, as massas que não conseguem mais se reunir tendem a perder consciência política. Não se sentem mais como uma força de combate. A massa pós-moderna não tem potência. A massa pós-moderna não é organizada. Os poucos lugares em que existem massa, hoje em dia, são caóticos – tipo trânsito, Praça da Sé e ambientes assim. Os únicos momentos em que as massas são felizes é num show. Mas mesmo assim há uma