Desisti
Saudade da inocência e de dançar É o Tchan sem pudor.
Saudade de ter certeza de tudo. Saudade de ter planos.
Saudade de me apaixonar por carinhas que nunca me olharam.
Saudade de me preocupar em passar em matemática. Saudade de odiar as equações.
Saudade de não ser ‘’ada’’. Politizada, entediada, cansada.
Saudade de descobrir musicas, bandas e estilos. Saudade de quando eu descobri o rock.
Saudade da primeira sensação de cortar meu cabelo curto. Saudade do sentimento de libertação.
Saudade do primeiro desenho que imaginei para uma tatuagem.
Saudade de pensar que com 15 anos tudo seria diferente. E foi.
Saudade de me sentir superior por não gostar de falar palavrões.
Saudade de brigar com meus pais por querer sair e eles não deixarem, só depois dos 16.
Saudade de me imaginar namorando e no quão incrível seria. Saudade do meu primeiro namorado e primeira namorada.
Saudade da primeira vez que eu consegui me entender.
Saudade de querer ser adulta. Saudade de quanto eu vi que ser criança era bom.
Saudade de odiar meninas exibidas e saudade da primeira vez que vi minhas melhores amigas.
Saudade das minhas amigas de segunda, quarta, quinta, sétima, oitava série e segundo grau da escola.
Saudade de querer ser oncologista, arquiteta, arqueóloga, paleontóloga, desenhista, modelo e estilista.
Saudade de quando parei de roer unhas porque eu já estava mocinha.
Saudade de nunca sorrir.
Saudade dos amigos que fiz e que nunca os vi.
Saudade que querer ser escritora. Saudade de escrever compulsivamente.
Saudade de rir até chorar.
Saudade de chorar toda noite antes de dormir.
Saudade de me sentir sozinha, única e incompreendida.
Saudade da catequese, de ser coroinha, de ir à missa e de ter uma fé imbatível.
Saudade de acreditar piamente no mundo e nas pessoas. Saudade de não ter medo.
Saudade de querer a cima de tudo ir embora.
Saudade do meu irmão. Saudade do meu pai.
Saudade