Desigualdades sociais
Universidade Bolivariana (Chile)
A solidariedade livra a justiça das relações funcionais e burocráticas através de relacionamentos com rosto humano; sem ela, o direito pode ser daninho às pessoas e converter-se em algo iníquo. Não se deve somente buscar o bem do outro, senão fazê-lo como se fosse meu próprio bem.
(Joaquín García Roca, Exclusão Social e Contracultura da Solidariedade (Exclusão Social e Contracultura de la Solidaridad)
Participo logo existo como cidadão .
(Federico Maeor Zaragoza, Los nudos gordianos)
Introdução
Quis iniciar minha reflexão sobre o tema Ética e Democracia no Combate à Pobreza Urbana com as citações anteriores porque creio que elas estão relacionadas ao âmago das questões éticas e democráticas nas políticas orientadas a erradicar a pobreza urbana.
Por que afirmo isto?
A pobreza, urbana, assim como toda outra forma de pobreza, tem sua origem na exclusão social gerada por sociedades como as nossas, às quais se adapta bem o neologismo criado por Alguacil e outros (2000:19) de sociedades “exclusógenas”. O contrário à exclusão é a inclusão, a vinculação, a relação, mas tudo isto poderia ser feito inclusive sem a participação daqueles que se procura incluir, ou melhor, a partir de uma atitude passiva, meramente receptiva e sem uma mudança de postura mental e emocional daqueles que possam ser beneficiários da política de inclusão. Por isso existe a necessidade de um antídoto que neutralize nas práticas da política de luta contra a pobreza, as tendências funcionais e burocráticas que possam chegar a gerar uma ausência de solidariedade real; como contrapartida teria que se abrir caminho a uma justiça de acordo com a medida de cada ser humano, que conduza efetivamente àqueles que hoje estão excluídos por sua pobreza a uma plena condição cidadã que lhes torne possível o exercício real e efetivo de seus direitos humanos.
Este antídoto é o caráter democrático das relações socialmente