Desigualdade social
Essa questão sempre esteve presente no debate nacional e informou as principais teses sobre a identidade nacional ou da formação do País enquanto nação. A ênfase maior neste debate foi a de um discurso ufanista em relação ao caráter plural de nossa identidade nacional, a despeito desta ser construída a partir de uma perspectiva hierárquica segundo a qual no topo se encontram os brancos responsáveis pelo nosso processo civilizatório e na base os negros e indígenas contribuindo com "pinceladas culturais exóticas" que caracterizariam o jeito especial de ser do brasileiro.
No entanto, o que nos parece importante ressaltar nesta reflexão é que diversidade não pode ser sinônimo de desigualdade. Por isso, o primeiro receio que o debate sobre a diversidade provoca é que se preste à despolitização dos processos de exclusão e discriminação que os "diferentes" sofrem em nossa sociedade ou seja a forma pela qual historicamente este "diferente" vem sendo construído em oposição a uma universalidade cultural branca e ocidental supostamente legítima para se instituir como paradigma cultural, segundo o qual, a identidade ou a diferença dos diversos povos da terra sejam medidas.
Infelizmente nosso país tem a nociva tradição de enfeitar as relações raciais e a interação entre as culturas com emblemas de igualdade enquanto na prática social se aprofundam impunemente as desigualdades. Nos marcos de nossa democracia, a percepção do senso comum é de que somos todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer ordem. A dedução um tanto ingênua e primária que acaba por se impor é que se os negros, por exemplo, vivem em piores condições do que outros segmentos raciais seria porque são