Desafios da medicina africana
ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA
IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012
DESAFIOS DA MEDICINA TRADICIONAL AFRICANA NO SÉCULO XXI
ADELAIDE BELA AGOSTINHO* e HARRYSSON LUIZ DA SILVA**
*Centro de Investigação e Desenvolvimento em Etnobotânica - CIDE, Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT Moçambique
**Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, e Instituto de Geração de Tecnologias do Conhecimento – IGETECON
– Brasil bela_3105@hotmail.com Resumo
Desde sempre o homem recorreu à plantas e ações míticas para se tratar e livrar-se de doenças. Esta atitude com o passar do tempo passou a fazer parte da cultura dos povos, e durante milénios a medicina tradicional foi o único sistema de saúde disponível nas comunidades. Segundo a OMS a medicina tradicional é o conjunto de conhecimentos e práticas, explicáveis ou não, usadas no diagnóstico, prevenção ou eliminação de doenças físicas, mentais e sociais, baseados exclusivamente em experiências e observações passadas e transmitidas de geração para geração oralmente ou por escrito. Estigmatizada e perseguida durante o período de dominação cultural e logo após a independência ela subsistiu na clandestinidade. Pretende-se com este artigo relevar o papel da medicina tradicional e de seus praticantes na obtenção de saúde para todos, exortar os países para ações mais proactivas no desenvolvimento da mesma para que a sua integração seja possível e aconteça nos serviços nacionais de saúde. Na verdade a Medicina tradicional é a cultura, a herança e o futuro de África, porque este continente possui uma rica biodiversidade: cerca de 6.500 espécies de plantas, sendo mais de 4.000 delas plantas medicinais. Calcula-se que cerca de 80% da população africana recorre à medicina tradicional para cuidados de saúde, 90% de medicamentos tradicionais africanos são derivados de plantas e cerca de 30% de medicamentos