Desafios da fisiologia celular na era pós-genômica
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DESAFIOS DA FISIOLOGIA
CELULAR NA ERA PÓS-GENÔMICA
Célia Regina da Silva Garcia
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ntender a fisiologia das células e a participação dos genes no seu funcionamento representa um dos atuais desafios da ciência na era pós-genômica. O seqüenciamento do genoma do Plasmodium, protozoário causador da malária, foi finalizado em 2002.
No entanto, a complexidade dos parasitas da malária e de suas interações com seu hospedeiro humano, associada a sutis mudanças no aspecto genético do parasita, requer o conhecimento da fisiologia integrativa. O surgimento de parasitas resistentes a maior parte das drogas anti-maláricas disponíveis é um dos principais problemas no tratamento da doença. Nesse âmbito, o conhecimento da dinâmica das complexas interações parasita-hospedeiro, bem como dos seus componentes moleculares, pode trazer novas direções para a elaboração de novos quimioterápicos.
Dados da Organização Mundial da Saúde estimam cerca de 300 a 500 milhões de casos clínicos anuais (90% concentrados na
África), dos quais 2,7 milhões resultam em mortes. No Brasil, em 1999, foram registrados mais de 600 mil casos, constituindo-se em sério obstáculo ao desenvolvimento sócio-econômico da região Norte que, pela sua biodiversidade, deveria ser justamente um pólo de atração de pesquisadores nacionais e internacionais. Apesar dos numerosos esforços direcionados para seu controle, a malária é uma das infecções mais severas nos trópicos e está atingindo outras áreas do mundo.
O ciclo de reprodução do parasita inicia-se quando, ao picar um indivíduo para se ali-
mentar com cerca de cinco picolitros de sangue, a fêmea dos mosquitos do gênero
Anopheles injeta através da saliva alguns esporozoítas que, uma vez lançados na corrente sanguínea, irão se alojar nos hepatócitos, iniciando um ciclo de reprodução assexuada, conhecido como ciclo pré-eritrocítico. Nesse período, que dura cerca de 10 dias, são